data-filename="retriever" style="width: 100%;">Está muito difícil conviver socialmente e buscar entendimento sobre o que pensamos e sobre o que somos. As redes sociais e os novos tempos da comunicação de massa nos tornaram mais próximos, e isso foi muito bom para a convivência entre nós. Entretanto, o que surgiu com a nova tecnologia, que era para ajudar, também acarretou outro tipo de problema, até então desconhecido. Somos instados a ficar calados para não sermos submetidos à execração pública, pelo menos nas redes.
Se não aderirmos ao que dizem, somos tratados como inimigos, indesejados para o convívio. Não servimos para o grupo se não pensamos como eles, e somos atropelados literalmente pelos que pensam diferente de nós. Sofremos um bullying, na essência. O que surgiu nos espaços sociais como direito legítimo para expor ideias, discutir divergências, enriquecer conhecimento, acabou chato e perigoso e corremos o risco de não haver mais espaços para ninguém porque, invariavelmente, a discordância de falar o que pensamos pode resultar em intimidação.
Até o conceito de felicidade vai sofrendo seu revés. A sociedade, ou os que se dizem representantes dela, andam a nos dizer como ser feliz agindo deste ou daquele modo. Apontam comportamentos e quem discordar que engula. Então, discordar, comentar deveria ser livre como a contra argumentação; ninguém deveria ter medo de dizer o que pensa com civilidade e receber a divergência como normal, salutar e respeitosa. Porém, tudo ficou perigoso e caminha para o proibido. Pensar diferente ou defender posições pode virar caso para a justiça decidir. Hoje, para se fazer qualquer comentário, temos que agir com cautela. Perguntar quais as preferências, ideias, credos, gênero, cor e comportamento antes de entabular uma conversa.
Corremos o risco de nos tornarmos frios, chatos, sem humor e sem graça. Os tios engraçados, os colegas imitadores, os "tiradores de sarro", "os contadores de piadas", "os gozadores" e até os "apelidadores" estão sendo perseguidos. Hoje, temos uma minoria que vive escondida nas "catacumbas dos WhatsApps", nas conversas veladas, como cristãos sob Roma a ponto de virar antepasto de leões da mídia e de grupos. Um bullying.
Ficou perigoso rir, ser feliz. Não se discute ideias, ideologias, pensamentos. Se um "imagina" que o outro não pensa de forma igual, logo, é execrado como pessoa não mais pelo que pensa, porque isso não mais interessa. Interessa é que, se não pensa como a "boiada", não serve e, de preferência, deve ser eliminado do grupo.
Pelo direito de divergir com respeito, de não acompanhar a "boiada", de fazer piadas, "de zoar" com os amigos. Pelo direito de pensar diferente sem ser acusado de repressor ou preconceituoso ou maldito. Pelo direito de pensar diferente e ser respeitado.